sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A palavra do historiador.

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Trecho da entrevista com o historiador publicada no O Imparcial, 10/07/2007
O historiador Luiz Flávio de Carvalho Costa*, entre outros trabalhos, é autor do livro “A fotografia em Araraquara”, que resgata plantas cartográficas, desenhos, material gráfico e fotografias à espera de financiamento para publicação.
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Entrevistador Pergunta : Você tem conhecimento da polêmica gerada em torno da construção do “bulevar dos oitis”, na Rua Voluntários da Pátria (Rua Cinco)? Esse projeto prevê uma total alteração de calçamento e dos paralelepípedos. Qual sua opinião sobre?

Historiador Responde : Em carta enviada no início de janeiro passado ao presidente da ADA, Marcelo de Carvalho Rodrigues, escrita para me solidarizar com as preocupações da ADA em relação à intervenção na Rua 5, afirmei que as autoridades não podem dispor do patrimônio público com base no mandato que receberam. Certamente, os eleitores não deram permissão aos poderes Legislativo e Executivo de privatizarem o patrimônio público (como recentemente aconteceu com o Estádio Municipal), nem de interferirem em um dos ícones da cidade – a Rua 5 – com o risco de a descaracterizarem, sem que fossem amplamente consultados. O Estádio Municipal e a Rua 5 são fatos urbanos incorporados na paisagem de Araraquara e são mais antigos do que nossos passageiros mandatários. São monumentos que pertencem à cidade e a ela, somente a ela, cabe o direito de mantê-los ou destruí-los, e não àqueles com mandatos transitórios em decisões solitárias, afirmei naquela ocasião. Se a população da cidade tivesse se manifestado e sido ouvida, inúmeras intervenções desastrosas (derrubada do Teatro Municipal, da Igreja Matriz, asfaltamento de paralelepípedos, descaracterização do Largo da Câmara, retiradas de postes das ruas, permissão para se construírem edifícios sem recuos como no caso de algumas escolas no Centro e na esquina da Rua 3 com José Bonifácio, para citar apenas alguns exemplos) poderiam ter sido evitadas, e teríamos uma Araraquara mais bonita e um lugar melhor para se viver. O Compphara já se manifestou contra o projeto da Prefeitura, sobretudo a sua parte não integrante do atual governo municipal, que é de se esperar dessa parte integrante certo constrangimento. Gostaria de ouvir a opinião da recém lançada Associação dos Amigos do Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Araraquara; minha expectativa é de que a Associação tenha posição firme pela preservação da Rua 5. Araraquara não pode, outra vez, perder mais uma parte de sua alma em favor dos negócios e da falsa modernidade. O prefeito Edinho corre o risco de ficar conhecido como aquele prefeito que vendeu rua, vendeu o estádio Municipal e destruiu a rua 5, um bem patrimonial que a cidade amava.
*Luiz Flávio de Carvalho Costa, é formado em Ciências Sociais pela Unesp de Araraquara, com mestrado pela Unicamp e doutorado em história pela USP, o professor e pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro vem dedicando parte de suas pesquisas à nossa história regional.

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