As lágrimas dos Oitis

segunda-feira, 2 de julho de 2007

As lágrimas dos Oitis

Um Oiti sangra

em solidariedade

à bela rua.
Olivia Hussey - escritora amadora - Recanto das Letras

Foto: MCR

As lágrimas dos Oitis
Darcy Dantas

"...Já enredada por esse cenário turvo, de repente ouve-se falar que a Rua Cinco vai se tornar um boulevard. Sabendo disso, resolvi, certo dia, tomar outro caminho para chegar até minha casa, obrigando-me a um desvio que me levasse à rua em questão. Deparei-me com um triste espetáculo: as lágrimas dos oitis, que se impõem por sua majestade naquele espaço (talvez meu inconsciente me levasse a essa sensação). Terminei por chorar com aqueles oitis.
A Rua Cinco é um legado histórico e tirar-lhe as características será uma heresia. Já possuímos nosso quartier latin conforme brinca a profa. Dulce Whitaker referindo-se a um espaço onde universidades, livrarias, cafés e casas de lanche se mesclam. Portanto, não necessitamos de um boulevard na Rua Cinco. Esqueçamos todos os desvarios cometidos em nome do progresso e poupemos a rua em questão. Não inventemos elementos de mau gosto para tirar as características de tal rua. Seria um pecado. Talvez seja até o início de seu fim.
Não deixem o Dr. Otávio de Arruda Campos se revolver no túmulo, até porque ele é uma referência de nossa cidade e declamava em verso e prosa toda a beleza da Rua Cinco..."

2 comentários:

Anônimo disse...: Olivia, não me surpreende essa empreitada maluca que estão querendo fazer por aí, na rua 5. Moro numa cidade aconchegante onde a principal praça , que antes, o cartão postal da cidade era um luxo, mas hoje podemos dizer que virou um lixo político, onde, cada prefeito com mais mal gosto que o outro vai transformando e tirando todo o brilho que ela tinha. Na verdade, o que eles querem é fazer obras que apareçam para angariar votos. Vê se algum deles querem fazer obras subterrâneas, onde a verba não aparece? Realmente não existe um infeliz preocupado com o povo, só no benefício próprio!

Força nessa luta, que o povo vença!
Abraços da Nina.; 3 de julho de 2007 às 16:49
Anônimo disse...: Olá, Olívia ! Estive em Araraquara já fazem muitos anos, mas lembro-me que havia uma rua assim... Acho-a linda como ela é, olhando agora essa foto. Que continue sempre bela e tranquila! Abraços!
Victoria Magna (Elma); 3 de julho de 2007 às 20:59

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Nossas faixas de luto - Ignácio de Loyola Brandão

Estava procurando o que escrever esta semana. Procurar para mim significa remexer a memória, ir aos cadernos de anotações, terceiro percorrer os arquivos do computador em busca de um tema. Falar sobre o primeiro aniversário do novo formato desta Tribuna? Falar sobre a placa de bronze que roubaram do busto do Bazani na entrada do estádio? Uma placa é coisa mínima, quando algo maior foi roubado de todos nós. O direito de ter direito e de decidir sobre a cidade em que moramos. Caímos sempre na rua Cinco. Pensei que o assunto estivesse terminado, ele continua. Francamente, não entendo, fica além de minha limitada compreensão essa ansiedade para se mexer na rua. Que fogo no rabo é esse? O que existe por trás de toda essa história, se é que existe alguma coisa nos bastidores que não saibamos. Que tsunami impele os administradores, levando-os à destruição? Foram desafiados pela população e querem dizer: saibam quem manda? Por que tal insistência se a população está contra, a opinião pública contra? O bom senso contra. Se fossemos a cidade perfeita, limpa, ideal, com escolas magnificas, praças de esportes, creches, asfalto, redes de água e esgoto, se fossemos a Utopia de Tomas More, ainda vá lá. Cada vez que vou à cidade fico estarrecido com o abandono das ruas, o mato entre os paralelepípedos, os bairros enlameados ou empoeirados. Será por isso que vão arrancando os paralelepípedos da cidade? Para que o mato não cresça entre eles? Será uma demonstração de poder, de força, de comigo ninguém pode? Não, não entendo. Agora acabo de saber que estão sendo encomendadas faixas pretas para as pessoas usarem nos braços, nas lapelas. Sinal de luto, de tristeza, decepção. Quem conhece a história de nossa cidade sabe que no final do século 19, quando daquele triste episódio do linchamento se abateu sobre todos, os cidadãos honrados mandaram pintar na fachada de suas casas uma faixa negra. Simbolizavam o luto, o protesto, a indignação contra a prepotência. Havia, então, um clã político dominando pela força - tanto que mandaram matar. Agora não mais um clã e sim um partido. Tomemos nossas faixas e coloquemos em nossos braços, lapelas, vestidos, onde for. E que não se circule apenas em Araraquara assim. Viajemos com o luto para, quando nos perguntarem, respondermos: quando leis não importam, quando os desejos sagrados e sadios da população não prevalecem (no que seria uma democracia) só nos resta revelarmos nosso luto. Todavia, pergunto. Será que somos tão impotentes, desamparados assim? Obs: Fiquei assombrado com o tamanho, o número de páginas da Tribuna de domingo passado. Um jornal que deu certo. Viva! Saí da cidade como cronista de cinema, voltei bem contente como cronista de atualidades, amenidades, sinceridades, verdades, irritações. - Publicado na Tribuna Impresa - 27 de maio de 2007

A VERDADE : Esta luta é cívica e não política

Há uma enorme e visível diferença, que torna fácil a distinção entre as motivações verdadeiras e as outras.As lutas e proposituras verdadeiras buscam impor-se pelo domínio da razão, e pelos seus próprios méritos. Incansáveis, sabem o caminho duro a percorrer, mas a sinceridade de propósitos lhes nutre de força e determinação na certeza de que verdade e razão mais cedo ou mais tarde vencerão.As outras jamais poderão submeter-se a razão e ao mérito, pois ali, não tem a mínima chance de prosperar. Assim buscam tornar-se verdades "por decreto", através do poder e influência de quem as emana. Desenvolve-se daí, por equivoco ou não, a prática danosa e anti democrática, que ignora e desmerece, que visa desqualificar, amedrontar, criminalizar, que se torna por fim, ato de coação moral a fim de constranger quem tiver pretensões de se opor a elas.É preciso que se diga e reafirme ainda mais uma vez que o movimento em defesa da Rua 5, se faz sob o respaldo da lei e do bom senso, no bojo de um sentimento cívico que transpira nossa história e que mobiliza parte legitima e representativa da comunidade, e que, pretender dar-lhe conotação de ato de política eleitoreira se constituirá no mais grave erro a ser registrado na história da cidade.

VITÓRIA - A Rua 5 é da Cidade

segunda-feira, 2 de julho de 2007